terça-feira, 9 de outubro de 2012

Guerra é guerra? (um post sobre violência em SP)


Hoje fiquei me questionando, quem é mais bitolado? Nós que assistimos Jornal Nacional e Globo News, altamente higienizados, ou os que assistem ao Cidade Alerta da Record? Enquanto discutimos de forma asséptica a política, as eleições, o julgamento do mensalão, uma guerra esta em curso no submundo paulista. Policiais Militares e supostos bandidos têm se enfrentado diariamente nos bairros da periferia, em especial no extremo sul da capital e no litoral santista. 

Nos últimos seis dias, 44 pessoas foram assassinadas em SP capital. Só de ontem pra hoje, foram 13. Todas vitimadas em supostas “trocas de tiros” entre bandidos e policiais da ROTA (grupo especial da PM). Vivemos num estado de tensão generalizada em SP, apesar de nossos assépticos jornais não mostrarem isso. Está morrendo gente todo dia, e o que é pior, o discurso dos fascistas têm sido veiculado nos programas policiais: “bandido bom é bandido morto”.

“A polícia tem sido alvo de bandidos e tem que reagir evidentemente” foi a fala de hoje (09/10) de Marcelo Rezende, apresentador do programa Cidade Alerta (Record).

Mas quem são estes bandidos afinal? Aquilo que nós jornalistas aprendemos desde cedo que é NÃO dar como certo algo que é passível de ser questionado, ou seja, a usarmos o “suposto” antes das palavras ladrão, assaltante, bandido para tratar de alguém que é suspeito de cometer algum crime, parece que é ensinado de forma contrária nos cursos preparatórios da PM em SP. Em São Paulo, mata-se primeiro e pergunta-se depois. Inquérito? Pra que inquérito? Pra que julgamento? A Lei tem sido a da Execução Sumária.

Alckmin (PSDB), governador do Estado de SP, teve a pachorra de dizer em entrevista ao Jornal Nacional que o problema é de fronteira, de tráfico de armas e de drogas, ou seja, do Governo federal. Mas não tocou nem de leve na polêmica em torno das ações da ROTA nos últimos meses. Mata-se policial, mata-se bandido, mata-se policial bandido, mata-se bandido treinado por policial. Tem bomba; o arsenal é de guerra!

Como reagir a isso? Realmente não sei. Mas o fato é que há um processo de militarização da capital paulista (e outras regiões) que assusta. E que essa militarização não tem se revertido em maior sensação de segurança, ao contrário, aumenta a sensação de que, de fato, estamos em GUERRA! E se Guerra é Guerra, a questão é de que lado você samba...