segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

Vou de táxi?

Andar de táxi nas grandes cidades pode ser uma ótima opção para quem quer ter a tranquilidade e a comodidade de um transporte que pegue e deixe em casa. Além disso, em tempos de Lei Seca é também uma boa pedida para quem não quer deixar de tomar aquela caipirinha na baladinha ou aquela cerveja gelada no pub, na praia, no barzinho. Sim, tudo isso é verdadeiro, a não ser que você esteja em Vitória. Na capital do Espírito Santo, andar de táxi pode ser uma opção frustrante.

Depois da queima de fogos na Praia de Camburi na virada de ano, tentei pegar um ônibus para seguir até a região do Centro da cidade. Nenhum transporte coletivo passou. A rua estava lotada, o ponto de ônibus também. Ainda que cansados, esperar – quem sabe até o outro dia – não parecia incomodar os muitos que se aglutinavam por ali. Depois de aguardar um tempo, parei um táxi. Antes que eu pudesse abrir a porta do carro o motorista:

– Vai pra onde? - gritou.
Eu respondi.
– 30 reais! - ele retrucou.
– Não vai ligar o taxímetro? - questionei.
– Não.

Foi taxativo o taxista.

Outro dia, depois de jantar com um par de amigos, resolvi voltar de ônibus para casa. Na escuridão da noite e na confusão da ampliação do Sistema Transcol, acabei pegando o ônibus errado. Fui parar num dos Terminais Rodoviários disponíveis na região metropolitana. Por conta do adiantado da hora – passava poucos minutos da meia noite – fiquei sem ônibus, ilhada num ponto qualquer da Grande Vitória. Liguei para duas empresas de rádio táxi e ambas me disseram que não havia carros disponíveis para me pegar àquele horário. Eu disse que esperava. Voltei a ligar 15 minutos mais tarde. A informação foi a mesma. – Senhora, não temos táxi disponível para pegá-la. O jeito foi apelar para amigos.

Histórias sobre taxistas que não querem ligar o taxímetro parecem ser comuns por aqui. Conversando com um amigo a respeito ouvi o seguinte relato “[...] eu já tive problema com taxista daqui tb... outro dia um taxista me deixou no meio do caminho porque eu queria que ele ligasse o taxímetro e ele falou que não ia ligar. Vê só!”. Assim como parece ser comum os taxistas “escolherem” o destino para onde querem levar os passageiros. Como se aceitar uma corrida fosse fazer um favor e não prestar um serviço – serviço, aliás, muito bem pago por aqui.

O fato é que a dificuldade de se conseguir um táxi somada à falta de opções de transporte noturno – vale lembrar que na Grande Vitória o transporte coletivo só funciona até a meia noite – é um grande entrave à liberdade de ir e vir e de fazer a cidade se movimentar. Perde a cidade, com suas belas paisagens, uma orla estruturada com uma iluminação impecável, infelizmente não usufruída ao tardar da noite. Perde o cidadão, que com limitadas opções de mobilidade, deixa também de se apropriar do espaço público urbano.