Ouvi quando ele pediu licença, de maneira educada, querendo ultrapassar pela direita para chegar um pouco mais a frente e ficar mais perto de seus ídolos. Ouvi quando o “cara” da frente, a quem se dirigiu cochichou algo com a namorada: “não vou deixar ele passar”. Pensei: qual a real necessidade de se impedir que em um show, alguém chegue mais a frente que você? Entendo até que as pessoas possam ficar irritadas com aqueles “cabeções” que ousam estacionar exatamente na frente, mas impedir que alguém simplesmente siga seu caminho, realmente não fazia sentido.
O raciocínio foi interrompido em segundos, pelo som da porrada, um murro, um soco, algo de desnecessário. A namorada ainda tentou dizer “pára”, mas já era tarde: era o fim do show para alguém. Ele até seguiu caminho, mas sem a mesma alegria, sem a mesma euforia. Ao redor todos se olhavam, por segundos talvez se questionassem sobre o que havia acontecido, mas logo retornavam ao seu “lugar” contemplativo.
Num mundo cada vez mais cínico, em que os seres humanos se colocam como centro único de suas necessidades, e conseqüentemente, de suas prioridades. Vale a lei do mais forte. O fato é que definir o imprescindível, o necessário num mundo onde tudo é mercantilizado, se tornou tarefa das mais difíceis. Deixamos de ser indivíduos, para sermos individuais, algo ligado mais a um sentimento de egoísmo, do que a uma idéia de singularidade propriamente dita. E neste caso, onde o individual é o que conta, o vale tudo para manter o “seu espaço” se torna a regra.
obs.: a foto é meramente ilustrativa
quarta-feira, 25 de março de 2009
Assinar:
Postagens (Atom)